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Ser o sopro leve da criança
que leve o barco de papel
até outro porto da banheira
Esquecer o hálito solene da pobreza
a cachaça gargarejada com caretas e olhos fechados
a fumo de cigarros kentucky
a milagres de Santa Eufémia
como esquecer o medo de ir
ao dentista tirar um dente podre
Ser sopro ou brisa ou vento
capaz de roçar todos os lábios e seios e sexos
dar-lhes loucos orgasmos
estridentes gritos ao fim de tantos carinhos
Ser beijo irreverente num qualquer baile absurdo
em que bailarinos são borboletas e elas zângões
Ser propositadamente eu próprio
leve como um sopro de anteontem
fluindo para um rio futuro-lógico
imensamente água já que de água sou feito
Quando o sonho persegue a harmonia
cai da resma tão pacientemente empilhada
A progressão ego versus fama atropela a justiça
Aqui ao lado o outro moço
não tem banheira mas tem um tanque
e tem muito mais fôlego do que eu
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