15/05/2010

t) Alegoria do Fruto

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Na agricultura existe o fruto de primeira apanha, vistoso do trato e grado em tamanho, que, por qualidades atribuídas, embora não reveladas, toma, por lho darem, maior valor; e existe o de segunda apanha, refugo barato e de pequeno ganho, que, incorporado em outros produtos, por qualidades reveladas, embora não atribuídas, toma, também ele, grande valor, quando não é deixado no campo a apodrecer e ao deus dará.
Quais frutos de primeira e segunda apanhas, assim nos julgam os cérebros governantes deste, cada vez mais estranho, Portugal. A quando da visita de Bento XVI, os iluminados cérebros decidiram dividir os cidadãos portugueses em duas categorias: os cidadãos de primeira e os cidadãos de segunda. Aos primeiros (os de primeira), talvez pelas suas virtudes ou méritos, ou, mais provavelmente, pelas suas feições, ofereceu-lhes um dia feriado, corriqueiramente, uma balda; aos segundos (os de segunda), sabendo-os acostumados ao açaime e à canga, e, tomando-os por desfavorecidos de feições, ofereceu-lhes um dia ferido, de discriminação e sacrifício.
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04/05/2010

s) Chula da Livração

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Anda comigo
Vem ver a minha terra chão antigo
Este povo que canta livremente
A minha gente
Gente do Vira
Da Chula do Malhão e do Bailinho
Do Fandango do Fado e do Corridinho
E ninguém vira
Vem ver de novo
A malta que se agiganta
No trabalho quando luta e quando canta
O nosso povo
A voz que anima
O grito de quem trabalha
Os ferrinhos o adufe e a guitarra
A concertina
(Instrumental)
Do Sul ao Norte
Da Ilha da Madeira a Trás-os-Montes
Ouvi gente cantar com a mesma graça
A nossa raça
O nosso canto
É feito de alegrias e cansaço
É por isso que vos deixo o meu abraço
Em cada canto
Vem ver de novo
(...)
(Instrumental)
Ouvi esta canção na RR enquanto conduzia para o trabalho. Foi isto numa manhã de Segunda-feira, numa daquelas em que o que mais apetecia era ficar em casa. Mas o raça da canção trouxe magia a um dia que se revelava enfadonho. Dei por mim a cantar, acompanhando o Paco num dueto que a circunstância improvisou... e senti-me (deveras) feliz!
Senti também que esta letra é um hino ao nosso povo...
... Àquele que trabalha!
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