28/07/2009

e) Desencadeado

..

Órgãos peter pan grandes
lezírias onde se apascenta
o gado mais pequenino

Vacas e bezerros mugem ladainhas
e desejos mas o caraças do Deus
da manada não destrói a cerca

Fala-se de liberdade
como se vai à missa
sem convicção

Lado a lado
liberdade e paz
da pomba branca

A cor do leite branco
branca é Ferro e cálcio
transfiguram-se emblemas

Até aos seis anos fui do sporting Mudei para
o benfica para ganhar um par de sapatos novos
que receberia de qualquer forma no natal


...

19/07/2009

d) Homenagem

Prestem-se homenagens aos que, efectivamente, o merecerem! Aos que agem adicionando valor ao círculo restrito que os abarca, porque, também assim, o fazem pela ampla comunidade que é o mundo.

Creiam, aqueles dois, que ali me esperam horas a fio, dias e dias sem fim, são dignos do merecimento que publicamente lhes acrescento.
Seus nomes, King e Robin; escritos nas páginas do livro da vida, que contém os nomes de todos os seres, pela mão da Mãe que tudo cria: a Natureza; nasceram, no pleno exercício da relativa autonomia do cérebro humano, da imaginação de duas (ou três?) mulheres. Foi, talvez, a célebre sensibilidade feminina ou, quiçá, o misterioso sexto sentido, que presidiu ao processo imaginativo, pois, sem o saberem, no acto do natural baptismo, previam os traços virtuosos da personalidade dos baptizandos.
A relativa autonomia do meu cérebro permite-me esta associação de ideias, como, aliás, me permite distinguir no olhar e no procedimento de ambos, as virtudes (assim lhes chamo, mas poderia chamar-lhes, valores) que orientam os Reis, com érre maiúsculo, e os Heróis que, anónimos, trabalham em prol da igualdade entre todos os seres. Assim, considero que a Natureza os dotou de irrepreensíveis capacidades: ao King, da de transmitir afecto e de ensinar a tolerância, ao Robin, da de demonstrar que tudo é possível quando há prontidão física e mental e alguma irreverência.

Esta homenagem é, pois, para todos os kings e todos os robins que por aí abundam. E, já agora, para todos os tarecos…



Tareco

Um olhar mítico de olhos místicos
sobre a lógica que não há
Esperança de cão
sob a folha da ditadura

A criança pequenita
escala os espaldares da liberdade
montada num cavalito
com orelhas de cão
focinho patas e rabo de cão
e com um olhar mítico
como têm os cavalitos com a forma de cão

Amizade e tolerância
símbolos de um deus canino
num Tareco de virtudes
realizador de sonhos e conquistador
de território quando transpõe a fasquia
entre a cozinha e o quintal

Amarelo vulgar
com invulgares sentimentos multicolores
Corre e corre espuma arfa
luta contra os rivais



Em uma manhã
parte em trote histérico
enfrentando uma agonia religiosa
em jeito de veneno anti-riso

Húmidos de sal
os olhos místicos da criança
despedem-se do cavalicoque
com olhar mítico
na presença do tempo perfeito

17/07/2009

c) Fé (Lei) dos (A)Normais

Às vezes invadem-se à socapa
os olhos mediévicos[1] dos dragões
extemporâneos[2]
da folha que ainda conta a lenda

Expandem-se gritos em surdina
na constância[3] de séculos de monstros
tão credíveis
quanto a crença o queira

O boato moderno é audiovisual
O sustento da fé mais fidedigno
O jornalismo
coerente com as fábulas bíblicas

Não há forma mais fértil que a fogueira
de julgar os Baltazares Saramago
e que a cinza
de adubar espíritos pobres e vítimas

O tempo não se compadece dos anormais
Bruxos ateus filósofos cientistas
queimem-se
para exemplo de como não ser herói


[1] Medievais;
[2] Inexistentes;
[3] Persistência.

10/07/2009

b) Da política...

O que por aqui se disser terá, evidentemente, sentido crítico, mas, analiticamente, apolítico.
Diz-se, com relativa frequência e tom irónico, que “a política é a arte de enganar”. E é-a, em verdade. Em Portugal abundam em demasia os factos que o comprovam.
Se revíssemos as diversas campanhas eleitorais que decorreram desde o 25 de Abril de 1974 e confrontássemos o rol de promessas anunciadas, por quantos estiveram no lugar da governação, com o das efectivamente cumpridas, creio que o registo, se exaustivo, daria uma tal bíblia, hiperbolizando mais com o número de páginas em si do que propriamente com a religiosidade dos actos, faria inveja a quaisquer de entre todas as religiões. Perante tal desrespeito e tão descarada violação das normas éticas de conduta, principalmente para com a nação, estranhamente, na nossa constituição persistem leis que permitem a continuidade em altos cargos, gozando de uma imunidade que mais parece impunidade, a alguns ilustres cidadãos. Se a justiça se diz cega num contexto de imparcialidade, não no são dessa feita as leis que a professam. Pois, consentem às mesmas dignidades que, fazendo uso dos meios de comunicação social públicos, por sua vez financiados por dinheiros públicos, consecutivamente, mandatos após mandatos, desvirtuem, com vis mentiras, a esperança do POVO que os elegeu.
Estranha forma de servir Portugal…